A castração em gatos e em outros animais de estimação é um tema polêmico, pois pode gerar muitas discussões em torno dos prós e dos contras relacionados ao procedimento.
As pessoas que são contra alegam que é uma cirurgia mutiladora, que o animal irá sofrer, que não terá mais prazer sexual, que irá engordar e mudar o comportamento, entre outros pontos.
A verdade é que os benefícios da cirurgia de castração supera em muito os possíveis “contras” que possam existir sobre a cirurgia.
Se quiser saber mais sobre o procedimento, os benefícios e a verdade sobre os “contras” da castração, vem com a gente!
Por que devo castrar minha gata/meu gato?
Controle populacional
A castração dos felinos é um procedimento importantíssimo, tanto para a saúde do seu gatinho(a) como para o controle populacional dos mesmos.
Sabe-se que, geralmente, o primeiro cio da gatinha acontece por volta de 5 a 8 meses de vida e o macho alcança sua maturidade sexual por volta de 7 a 9 meses de vida. Essa idade pode variar de acordo com a raça e a condição corporal da gatinha(o).
A gatinha, diferente da cadela, é poliéstrica sazonal, ou seja, ela entra no cio várias vezes seguidas em determinada época do ano. Levando em conta que cada gatinha pode ter, em média, até 5 filhotes por ninhada e que pode ter, em média, até 3 ninhadas por ano, o número total de filhotes pode chegar a 15 por ano. Isso mesmo, uma gatinha não castrada pode chegar a ter até 15 filhotinhos por ano. O que torna o risco de abandono desses filhotes muito grande, infelizmente.
A castração é o único método seguro para prevenir a reprodução, pois é extremamente contraindicado o uso de anticoncepcionais nas gatas, devido ao alto potencial cancerígeno dos mesmos.
Saúde da gata
Além do controle populacional, os benefícios da castração na gata fêmea estão diretamente relacionados a sua saúde. Sabe-se que o hormônio feminino está intimamente ligado ao aparecimento de câncer de mama e da infecção uterina (Piometra). Estudos revelam que castrar a gata antes do primeiro cio pode reduzir em até 90% a chance de aparecimento do câncer de mama. No que diz respeito à Piometra, sabe-se que é uma emergência cirúrgica, que pode ser fatal, caso a infecção esteja muito grave.
Mudança no comportamento
A mudança no comportamento dos gatos após a castração é, por muitos, visto como um fator negativo do procedimento. Porém, esse é um dos grandes benefícios que o procedimento pode trazer.
O comportamento sexual, principalmente, nos machos, é o responsável por incentivá-los a hábitos que são ruins, tanto para o tutor, quanto para a saúde do próprio gato.
Quando o gato atinge a maturidade sexual, por instinto, ele tende a procurar fêmeas no cio e, por consequência, competir o território com outros gatos machos. Ao competir por espaço com outro gato macho, a principal forma de marcação territorial é por meio do cheiro da urina. Sendo assim, o gato macho marca o seu espaço urinando em lugares que ele julga importante na competição. Nessa situação, o gato pode decidir marcar o seu sofá, sua cortina, seus móveis, sua cama e etc. Pelo fato de o odor da urina de um gato macho não castrado ser muito forte, por conta dos hormônios e feromônios em excesso, a convivência com esse hábito chega a ser insuportável para o tutor. Para evitar esse tipo de comportamento, é muito importante que a castração seja feita antes que o macho atinja a maturidade sexual (7 – 9 meses de vida).
Ainda no que diz respeito ao comportamento sexual, principalmente, do macho, existe outro ponto extremamente importante para a saúde do mesmo: a famosa “voltinha” pela vizinhança. O macho não castrado, por instinto, está à procura de uma fêmea no cio para reprodução, e isso aumenta sobremaneira a necessidade que ele sente de se aventurar fora de casa. Nessa saída, mesmo que rapidinha pela vizinhança, ele corre muitos riscos. O gato com livre acesso à rua está sujeito a encontrar outros gatos e se envolver em brigas. Além dos possíveis machucados por arranhadura e mordedura que podem infeccionar, esse contato pode ser responsável pela transmissão de doenças como FIV (Aids Felina) e FeLV (Leucemia Felina). Ambas são doenças virais graves e potencialmente fatais, que podem ser evitadas, caso seu gato permaneça dentro de casa.
Além do mais, ao sair da segurança de casa, o gato corre riscos de se perder, de atropelamento, de envenenamento ou de serem surpreendidos por pessoas mal intencionadas.
O gato castrado tende a ser muito mais dócil e apegado ao tutor e tem uma expectativa de vida muito maior que o gato inteiro (não castrado).
Em relação a três pontos citados como negativos para a castração estão: perda do prazer sexual, mutilação e aumento de peso. É muito importante saber que o gato copula por instinto e não por prazer sexual, portanto ele não sentirá falta do ato depois de castrado. O mesmo ocorre com a presença dos testículos, que não farão falta após o procedimento. Sendo assim, além de não fazer falta, e, levando em conta todos os benefícios citados, a castração não é uma cirurgia mutiladora.
E, por último, em relação ao aumento de peso, é fato que os gatos castrados diminuem o requerimento energético básico, ou seja, precisam ingerir menos comida para se manterem saudáveis. Além do mais, tendem a ficar menos ativos pela ausência do hormônio sexual. Sendo assim, o tutor deve ser orientado quanto à necessidade do uso de uma ração adequada para o gato castrado e de estímulo para o aumento do gasto energético. Resumindo: brinquem com seus gatinhos!
Quando castrar meu gato/minha gata?
Por todo exposto acima, a idade ideal pra castração do gato macho é antes que ele alcance sua maturidade sexual, ou seja, antes dos 7 – 9 meses de vida. Quando se diz respeito à fêmea, a idade ideal para sua castração é antes do primeiro cio, que ocorre, aproximadamente, com 5 – 8 meses de vida.
Caso você adote um gato(a) já adulto(a), ele poderá ser castrado assim que o Médico Veterinário examiná-lo e constatar que está apto para passar pelo procedimento.
Como é o procedimento de castração?
Gato macho
A castração do gato macho (Orquiectomia) é um procedimento relativamente simples e rápido, quando realizado por um profissional competente. Ela consiste na retirada dos testículos do gato. O pênis continua intacto.
Gata fêmea
A castração da gata fêmea (Ovariossalpingohisterectomia) é um procedimento mais invasivo que a castração do gato macho, pois é feita por laparotomia, ou seja, por meio da abertura da cavidade abdominal. O que não significa ser um procedimento perigoso. Com a escolha de um lugar de confiança, onde é realizada a anestesia correta e o procedimento por profissional capacitado, a cirurgia é considerada de baixo risco. O procedimento consiste na retirada dos ovários, das trompas e do útero da gata.
Conclusão…
Saibam que todos nós veterinários somos apaixonados por gatos! Sendo assim, nosso maior objetivo é aumentar o bem-estar e o tempo de vida deles. A castração é um procedimento seguro e capaz de aumentar muito a qualidade e expectativa de vida do seu gatinho. Castre!
Conteúdo Desenvolvido pelo Corpo de Médicos Veterinários do CEV Clínica Veterinária Brasília
Juliana Costa | Especializada em Medicina Felina
CRMV DF 2660